domingo, 20 de setembro de 2009

DICAS DO ENREDO -PARADA GAY




O Mês do Orgulho LGBT de São Paulo nasceu a partir da experiência da organização das Paradas e tem agregado mais atividades (Ciclo de Debates, Feira Cultural LGBT, Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade, Gay Day) e participantes ao longo do tempo e é ainda hoje a atividade mais visível desenvolvida pela entidade.
A Parada do Orgulho LGBT de São Paulo nasceu com o objetivo de visibilizar a população LGBT e suas demandas e a princípio era organizada por uma comissão composta por representantes de vários grupos LGBT de São Paulo. Seu histórico pode ser dividido em três diferentes momentos:

1º - de 1997 a 1999 - Quando a Parada enfoca principalmente temáticas ligadas à visibilidade LGBT e se consolida como manifestação política do movimento. Nesse período a Parada teve um crescimento de 2 mil para 35 mil participantes e foi criada a APOGLBT SP.

2º - de 2000 a 2002 - A Parada passou de 100 mil a 500 mil participantes e tomou por temática principal o desenvolvimento da idéia de diversidade, de modo a não somente visibilizar a população LGBT, mas envolver a sociedade como um todo a partir do conceito de respeito à diversidade. É nesse período que as atividades em torno da parada começam a se multiplicar, de modo a dar origem ao Mês do Orgulho.

3º - a partir de 2003 - Alcançados os objetivos de visibilidade da população LGBT e da participação da sociedade, começa uma nova fase em que a Parada, já plenamente consolidada como manifestação de um campo social crescente, passa a ser utilizada a fim de refletir sobre as demandas da comunidade e como forma de pressão política pelo reconhecimento e garantia efetiva de direitos humanos de LGBT. Nesse período a Parada passou de 1 milhão de participantes em 2003 para 3,5 milhões em 2007, sendo considerada desde 2004 a maior manifestação do gênero no mundo. Em 2005 criou-se uma frente de trabalho composta por vários grupos e ONGs paulistas para visibilizar politicamente as demandas da comunidade nos eventos do Orgulho e pela primeira vez houve um movimento na direção de procurar unificar os temas das Paradas pelo Brasil. No ano de 2006, a Parada de São Paulo comemorou seus dez anos deparando-se pela primeira vez com o “Termo de Ajuste de Conduta" imposto pela prefeitura e sofrendo a ameaça de ser retirada da Avenida Paulista, principal cartão-postal da cidade, e mesmo assim bateu mais um recorde de público, reunindo 3 milhões de manifestantes. Desde então, com exceção da Festa de Reveillon e da Corrida de São Silvestre, é o único evento autorizado a ser realizado no local, o que legitima o reconhecimento de sua importância para a sociedade.


Histórico das Paradas em São Paulo

1ª Parada do Orgulho GLT (28/06/1997) – “Somos muitos, estamos em todas as profissões” – 2 mil pessoas.
A "Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas e Travestis", como denominada à época, foi fruto do trabalho dos grupos CORSA (Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade, Amor), Núcleo de Gays e Lésbicas do PT de São Paulo, CAHEUSP (Centro Acadêmico de Estudos Homoeróticos da Universidade de São Paulo), Etc. e Tal, APTA (Associação para Prevenção e Tratamento da Aids), AnarcoPunks e Núcleo GLTT do PSTU. Começou tímida, mas a participação foi aumentando aos poucos com as pessoas que passavam pelas avenidas da cidade; todos se misturaram. Saiu da Avenida Paulista e terminou na Praça Roosevelt. Diferentemente das Paradas recentes, que contam com os famosos e já tradicionais trios elétricos, a primeira foi puxada por um carro, tipo perua Kombi, com uma caixa de som em cima. Por todo o percurso, os militantes revezavam-se ao microfone para discursar e puxar palavras de ordem. A bandeira do arco-íris, nosso maior símbolo, já estava lá.

2ª Parada do Orgulho GLT (28/06/1998) – “Os direitos de gays, lésbicas e travestis são direitos humanos” – 7 mil pessoas.
Em relação à 1ª Parada, a organização melhorou e o número de manifestantes mais que triplicou, provocando mudanças significativas na vida dos organizadores. Foi concluído que, para o ano seguinte seria criado um grupo, no caso, uma associação para organizar as próximas Paradas e outros eventos na cidade. Nascia a Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais de São Paulo.

3ª Parada do Orgulho GLBT (27/06/1999) – “Orgulho Gay no Brasil, rumo ao ano 2000” – 35 mil pessoas.

4ª Parada do Orgulho Gay (25/06/2000) – “Celebrando o orgulho de viver a diversidade” – 120 mil pessoas.
Para facilitar a compreensão da sociedade, que até então não se familiarizava com o acrônimo GLBT (Gays Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros – utilizado no Brasil até julho de 2008, posteriormente substituído por LGBT), e a disseminação do tema da Parada, decidiu-se por abranger todos os grupos representados pelo movimento na denominação “Gay”.

5ª Parada do Orgulho Gay (17/06/2001) – “Abraçando a diversidade” – 250 mil pessoas.
Com a mesma proposta de celebração pública do orgulho, outros eventos passam a fazer parte do calendário oficial: o Gay Day, que aconteceu num grande parque de diversões, e a Feira Cultural, que reuniu expositores e apresentações de drag queens no Largo do Arouche. Nesse ano também a data de realização da Parada foi alterada acompanhando o feriado de Corpus Christi, possibilitando o afluxo de pessoas de outras localidades.

6ª Parada do Orgulho Gay (02/06/2002) – “Educando para a diversidade” – 500 mil pessoas.
A proposta visava firmar a Parada como um espaço que contribuía para o respeito às diferenças e “ensinava” as pessoas a conviver com elas. Nesse ano, houve o maior numero de trios elétricos desde seu início: 25 ao todo. E novamente o publico superou as expectativas, levando a Parada de São Paulo entre as maiores já realizadas no mundo.

7ª Parada do Orgulho Gay (22/06/2003) – “Construindo políticas homossexuais” – 1 milhão de pessoas.

Nesse ano, valorizou-se a proposta de definir claramente as demandas do movimento LGBT. Com esse tema, a Associação trouxe para o debate a necessidade de haver políticas específicas para a comunidade. Travestis e transexuais estavam presentes com um trio elétrico próprio, fazendo a visibilidade do segmento. O grande marco de público colocou a Parada entre as três maiores do mundo, junto com as de São Frâncico (EUA) e Toronto (Canadá). A agência de propaganda Almap BBDO patrocinou parte do evento e a cantora Elza Soares fez o encerramento com um grande show na Praça da República. O jornal Folha de São Paulo, no dia seguinte, ressaltava o sucesso da manifestação e a qualificava como uma “forma de ampliar a democracia”.

8ª Parada do Orgulho GLBT (13/06/2004) – “Temos família e orgulho” – 1,8 milhão de pessoas.
Tendo já conquistado grande visibilidade na mídia e o reconhecimento da sociedade, voltou-se a utilizar o acrônimo GLBT. O tema colocava a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais afirmando sua origem da própria sociedade, ampliando o conceito tradicional de família e exigindo o reconhecimento para os LGBT dentro da estrutura familiar.

9º Mês do Orgulho GLBT (29/05/2005) – “Parceria civil, já! Direitos iguais: nem mais, nem menos” – 2,5 milhões de pessoas.
Após o grande marco da Parada anterior, tendo em vista o reconhecimento internacional atingido pelo movimento, tanto pelos governos como pela mídia, a APOGLBT SP decidiu enfatizar as demais atividades ligadas à manifestação, divulgando o conjunto de ações oficialmente como o “Mês do Orgulho GLBT de São Paulo”.

10º Mês do Orgulho GLBT (17/06/2006) – “Homofobia é crime! Direitos sexuais são direitos humanos” – 3 milhões de pessoas.
O tema propunha um amplo debate social a respeito do preconceito e discriminação, incentivando uma série de ações pela aprovação de uma legislação contra a homofobia no cenário nacional, em especial o Projeto de Lei 122/06 de autoria da deputada federal Iara Bernardi, e por políticas públicas que visem o controle e a erradicação da homofobia no Brasil.
11º Mês do Orgulho GLBT (10/06/2007) – “Por um mundo sem machismo, racismo e homofobia!” – 3,5 milhões de pessoas.

12º Mês do Orgulho GLBT (28/05/2008) – “Homofobia mata! Por um Estado laico de fato!” – 3,4 milhões de pessoas.
A APOGLBT retomou o tema de combate à homofobia para reforçar a necessidade de aprovação do Projeto de Lei Federal 122/06 ainda tramitando no Senado, que criminaliza o preconceito homofóbico, dessa vez, atrelado a defesa de uma legislação livre de influência religiosa. As Paradas de Moscou (Rússia) e de Jerusalém (Israel), cujas organizações enfrentam constantemente repressão governamental e de grupos conservadores e fundamentalistas, receberam o Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade Sexual na categoria Internacional. Seus idealizadores vieram pessoalmente ao Brasil para serem homenageados e participar das atividades do Mês do Orgulho. Num acordo inédito, ambas as manifestações tornaram-se “Paradas-Irmãs” à de São Paulo, num gesto simbólico de solidariedade e apoio mútuos para realização de ações de protesto e celebração nas respectivas metrópoles. . Para a Parada, a APOGLBT SP e a Polícia Militar do Estado de São Paulo ofereçam um planejamento de segurança nunca visto antes: foram disponibilizados 1000 policias militares, 300 guardas civis e 320 seguranças privados, dois telecentros para registros imediatos de boletins de ocorrência, além de cerca de 30 UTIs móveis, 46 médicos, 55 enfermeiros e três hospitais de campanha, totalizando 80 leitos. Pela primeira vez, desde sua 3ª edição em 1999, as casas noturnas não estavam representadas com seus trios elétricos, mas, mesmo assim, 21 carros de ONGs, sindicatos, sites e órgãos governamentais garantiram a voz e a música da manifestação – destaque para o trio reservado a portadores de necessidades especiais e o destinado a homenagear as vítimas do HIV/Aids, que fechou a Parada desfilando vazio por todo o trajeto. A Caixa Econômica Federal e a Petrobrás reafirmaram seu compromisso com a diversidade financiando novamente o Mês do Orgulho, em conjunto com o Ministério do Turismo (que teve um trio elétrico próprio na Parada) e a Prefeitura de São Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário